domingo, 25 de setembro de 2011

Arquitetos mostram soluções eficientes e criativas em projetos habitacionais para a população de baixa renda

No Brasil, construções para a população de baixa renda sempre foram sinônimo de projetos repetitivos, pouco preocupados com as necessidades dos moradores e sem criatividade arquitetônica. Porém, o trabalho persistente de alguns arquitetos, que têm exemplos práticos de boa arquitetura em várias cidades brasileiras, mostra que é possível mudar essa realidade e projetar em grande escala com qualidade. Para tanto, é necessário o comprometimento do profissional em buscar soluções simples e eficientes, aliado a políticas públicas que viabilizem projetos para esse público.Exemplos de projetos que primam pela qualidade e bem-estar dos moradores serão apresentados durante o “Seminário Internacional: Sustentabilidade e Produção em Escala de Habitação de Interesse Social: Projetando o Futuro, que acontecerá nos dias 11 e 12 de novembro, no auditório do MAC, no Parque do Ibirapuera, durante a 8ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. 


O evento, organizado pelo Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo (SASP) e pela Federação Nacional dos Arquitetos (FNA), também será uma oportunidade para ver o debate de profissionais com grande experiência em projetos de habitação de interesse social (HIS) que são referência em todo o Brasil. Em um único painel, com o tema “Sustentabilidade do Projeto Arquitetônico e Urbanístico na Produção em Escala de Habitação de Interesse Social”, estarão reunidos os arquitetos Demetre Anastassakis, Luiz Fernando de Almeida Freitas e André Drummond de Moura. Eles debaterão novas possibilidades para o projeto de HIS e mostrarão casos bem sucedidos nos quais estão envolvidos. 

O arquiteto Demetre Anastassakis mostrará alguns dos destaques de seus 35 anos de carreira. Durante todo esse tempo vem atuando pela causa da habitação popular, sempre defendendo que é possível projetar em grande escala com qualidade e diversidade. Entre os vários exemplos de projetos em sua carreira, destacam-se o Conjunto da Maré, no Rio de Janeiro, que fez parte do projeto Favela-Bairro e foi concebido por Demetre em 1993, quando era associado da Cooperativa de Profissionais do Habitat do Rio de Janeiro (CoOperaAtiva), atualmente dirigida pelo arquiteto Luiz Fernando Freitas. Além de moradia digna, muitas vezes também planeja o urbanismo do local onde realiza seus projetos, como aconteceu na favela Novos Alagados, em Salvador, em 2003.

O mais recente projeto que Demetre mostrará no Seminário é um empreendimento em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, onde pretende erguer 3 mil unidades habitacionais, além de comércio, serviços e urbanização em uma área de 460 mil m2. Como sempre defende, as moradias terão formatos e planta diferenciados para atender melhor as necessidades de cada proprietário e a implantação no terreno. Este projeto já deve ser feito dentro do programa Minha Casa Minha Vida, lançado este ano pelo Governo Federal. “Pretendemos fazer moradia para todas as faixas de renda até 8 salários mínimos, além de infraestrutura de comércio e serviços”, diz Demetre, que associou-se ao dono do terreno para projetar e futuramente viabilizar a ideia junto à Prefeitura e outros órgãos públicos. 

Amigo e antigo sócio de Anastassakis, o arquiteto Luiz Fernando Freitas abordará no Seminário as características necessárias para a concepção e implantação de um projeto de Habitação de Interesse Social. Para isso, exemplificará com trabalhos realizados pela CoOperaAtiva de Profissional do Habitat do Rio de Janeiro, da qual é Presidente. A CoOperaAtiva é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 1990 por profissionais de diversas áreas, para desenvolver projetos e estudos de cunho social, arquitetônico, urbano e ambiental. Desde o início propõe produzir projetos de edificação diferenciada, preocupados com a qualidade, custo e racionalização da obra. 

Freitas mostrará alguns projetos realizados pela CoOperaAtiva nos últimos cinco anos, com destaque para a Vila da Barca, conjunto habitacional em Belém que proporcionou infraestrutura urbana e renovação paisagística para a população que morava sobre palafitas na capital paraense. A tipologia deste projeto bem sucedido em tijolo cerâmico  inspirou o projeto do Residencial Liberdade, também em Belém, que está construindo mais de duas mil residências para a população de baixa renda e outro projeto similar em Manaus, todos com investimento público.  

O arquiteto André Drummond de Moura falará sobre as experiências das ONGs que prestam assessoria técnica exclusiva em habitação de interesse social em São Paulo – uma atuação profissional que poucos conhecem, mas que é bastante forte desde a gestão da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina. Ele faz parte da ONG Peabiru que, com outras três entidades comandadas por arquitetos formam o “Fórum de Assessorias”, que atua na região metropolitana de São Paulo, oferecendo assistência técnica para movimentos de habitação popular e mutirões de construção inseridos em programas públicos de habitação. 

No Seminário, Moura deve falar mais sobre projetos em andamento, como o conjunto residencial Alvorada, no bairro do Jaçanã, em São Paulo, que atenderá 120 famílias com renda até três salários mínimos, dentro do Programa de Crédito Solidário da Caixa Econômica Federal. Também deve abordar as expectativas das Assessorias Técnicas quanto a recente aprovação da Lei 11.888, que prevê assistência técnica gratuita de arquitetos para a população de baixa renda. “Esperamos que dê acesso à assistência profissional para a população que hoje constrói de forma irregular, sem parâmetros técnicos e que sofrem com problemas causados por habitações mal dimensionadas e com diversas patologias”, afirma.

O Seminário é destinado a arquitetos, engenheiros, profissionais da área tecnológica que trabalham para o poder público ou na iniciativa privada, bem como representantes de movimentos populares por moradia.

O evento conta o apoio da Caixa Econômica Federal e do Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. 

Fonte:

Sincato dos Arquitetos no Estado de São Paulo

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário